A nossa rubrica "Ainda se lembra de...", esta semana viaja até ao Uruguai, onde nasceu um dos jogadores que poderia ter sido uma estrela cintilante do futebol Mundial bem ao nível do seu pé canhoto. Adorado por Massimo Moratti,chegou a ser o mais bem pago do mundo, mas o seu desleixo, infelizmente era maior do que a vontade de vencer.
Hoje é dia de revivermos, um potencial não expressado,El Chino...Álvaro Recoba!
Álvaro Alexander Recoba Rivero, nasceu no dia 17 de Março de 1976 em Montevideu, no Uruguai.
Desde menino que já mostrava dotes de craque e foi no Danubio que começou a dar os primeiros passos na modalidade.
Depois de completar a formação no clube, em 1993 e ainda com 17 anos, Recoba passou a integrar o plantel principal. Em duas épocas, El Chino, efetuou 31 jogos,marcou 32 golos e mostrou muito do seu potencial.
Por esta altura, era bem evidente que atenção dos maiores clubes do país, estivesse virada para o então jovem jogador.
Em 1996, O Nacional, clube histórico e com mais tradição do Uruguai, juntamente com o Peñarol, efetivou o interesse e Álvaro Recoba transferiu-se para o clube. Inicialmente a massa associativa estava com certas dúvidas acerca do jogador, mas logo essas dúvidas foram dissipadas. Com 30 golos em 27 partidas, El Chino transformou-se não só na referência do plantel, como incrivelmente num ídolo no clube.
Quando se preparava para mais uma temporada, surgiu o interesse do Inter de Milão nos seus préstimos. O jogador uruguaio, transferiu-se assim para o clube Nerazzurri e fez a sua estreia no dia 31 de Agosto 1997. O mesmo dia da estreia de Ronaldo, o Fenómeno, que havia chegado do Barcelona.
As atenções estavam única e exclusivamente focadas em Ronaldo, mas foi Recoba a não só decidir a partida, como a brilhar pela forma que o fez. O Inter perdia então por 1-0 com o Brescia,com cerca de 20 minutos para o final da partida. Um jovem uruguaio desconhecido do público em geral, entra em campo. Oito minutos depois, recebe um passe de Cauet que estava na esquerda, Recoba na zona central, ainda muito longe da baliza, sem preparação, desfere um remate fortíssimo ao canto superior direito e faz um golo de levantar o Estádio! Go-la-ço !!!
Com o Inter na procura de virar o resultado, surge uma falta bem distante da baliza adversária. Cerca de 35 metros. El Chino, parte para a cobrança da falta, mesmo com enorme distância, colocou mais precisão e colocação do que força e marcou um golo monumental(aconselho vivamente a que vejam, ambos)!
Na sua época de estreia marcou presença em 17 partidas e fez 3 golos.
Na época seguinte, com pouco espaço no plantel, onde havia Ronaldo, Youri Djorkaeff, Iván Zamorano e o eterno Roberto Baggio, todos eles já com créditos firmados no futebol Internacional, levou o jogador uruguaio a sair por empréstimo para se adaptar da melhor forma a uma nova realidade, a um novo país e principalmente para ter minutos de jogo.
Foi então que surgiu a possibilidade de representar o Venezia na época 98/99.
Teve prestações muito bem conseguidas, marcou 11 golos e fez 9 assistências em 19 jogos.
Regressou ao Inter para começar a ser definitivamente importante. Completou 33 jogos e balançou as redes em 10 ocasiões. Na temporada seguinte aumentou o seu desempenho, com 15 golos em 39 encontros. Em Janeiro de 2001, ora, ao meio desta temporada, Massimo Moratti, então presidente do clube, fazia de Álvaro Recoba o jogador mais bem pago do mundo, ganhando mais do que Figo, Raúl, ambos do Real Madrid e Rivaldo, do Barcelona. Esse "Título" pertenceu com o uruguaio até 2003.
El Chino jogava como segundo avançado, na zona mais avançada do meio campo e nas faixas, geralmente como extremo esquerdo. A sua qualidade e versatilidade eram fundamentais na equipa Nerazzurri.
Seguiram-se mais cinco temporadas onde fez mais 138 jogos e marcou 36 golos. Durante esse tempo algumas lesões começaram a marcar a sua carreira e a retirar-lhe o espaço e principalmente a influência na equipa.
Em 2007 Recoba colocava um ponto final no seu vínculo de 10 anos com o Inter e ingressava no Torino. Fez 24 jogos e marcou 3 golos, mas continuou a ser perseguido pelas lesões o que lhe dava poucos minutos em campo.
Com lesões e sem tempo de jogo suficiente para o seu agrado, pôs fim ao seu contrato com a equipa italiana e decidiu ter uma aventura grega,mais propriamente no Panionios. Rubricou o seu contrato no dia 5 de Setembro de 2008 e Recoba voltava a mostrar os seus argumentos dentro de campo com golos e assistências, mas as lesões nunca mais o largaram.
Depois de época e meia no clube, em Dezembro chegou acordo com os responsáveis do Panionios, para deixar o clube.
Apenas 9 dias como jogador livre, Álvaro Recoba quis voltar ao seu ponto de partida, o Danubio. Dia 24 de Dezembro de 2009, El Chino estava de regresso a casa.
Feliz por regressar ao Danubio, mas não era ali que queria estar. De novo estava o Nacional no seu horizonte. Em 2011 regressou ao clube que o projetou para a Europa. Fez ainda 5 temporadas, muitos jogos a partir do banco de suplentes, mas ajudou a conquistar títulos e foi muito importante para a equipa, por todos os bons motivos. Recoba é uma lenda, uma referência do futebol Uruguaio e isso por si só, já diz muito da sua capacidade dentro de um grupo de trabalho.
Em 2014 e quase com 38 anos, ainda marcou um golo livre direto de quase 28 metros de distância da baliza, daqueles que fez recordar os tempo do Inter de Milão.
Recoba terminou a carreira de futebolista profissional em 31 de Março de 2016 com 40 anos. Não passaram muitos anos, mas certamente que a grande maioria provavelmente pensava que tinha pendurado as botas há muito mais tempo.
Em termos de Seleção, Álvaro Recoba foi internacional por 69 ocasiões,marcou 11 golos e chegou a ser capitão da equipa Celeste.
Os números da sua carreira foram: 497 partidas e 121 golos marcados.
Em termos de características, Álvaro Recoba era um canhoto de grande classe que jogava nos corredores, mas também desempenhava com muita qualidade posições na central do terreno, na vertente mais ofensiva, principalmente como segundo avançado.
A sua imagem de marca era sem dúvida a meia distância e a marcação de lances de bola parada, fosse de onde fosse, na grande maioria das vezes tinha "selo" de golo.
A qualidade espetacular do seu pé esquerdo, o seu remate tinha uma precisão incrível. Ele conseguiu marcar golos de bola parada, de quase todos os sítios e quase a qualquer distância. Para os meus leitores terem uma ideia, Recoba marcou 6 golos de canto direto na sua carreira. Não era sorte, era sem dúvida, qualidade!
#curiosidade: Álvaro Recoba era tão preguiçoso e chegava sempre atrasado que os seus colegas lhe ofereceram um relógio, para tentar minimizar os seus sucessivos atrasos.
Chamam-lhe El Chino, porque embora seja Sul Americano, Recoba tem os olhos rasgado e muitos traços orientais.
"El Chino não se tornou o melhor jogador do mundo, simplesmente porque ele não queria", disse a lenda argentina Juan Sebastián Verón.
Estas palavras fazem parte do rol dos motivos para este ser o escolhido desta semana. Depois há ainda o fato de ter sido uma lenda do Inter de Milão, do Nacional de Montevideu, e uma referência na Seleção do Uruguai.
Quem seguiu o percurso de Recoba, parece que ficou um amargo de boca, porque poderia chegar a outro nível futebolístico, ser lembrado por títulos importantes, e mesmo ser galardoado com um título individual de referência. Um dos maiores talentos que o futebol já viu jogar não atingiu outro patamar e a culpa é exclusivamente sua. A preguiça e a falta de regras, como chegar a sistematicamente atrasado, não se aplicar a fundo no dia a dia da sua profissão e nunca ter definido uma posição em campo para que melhor servisse as suas características, foram algumas das razões que fizeram Recoba não ser mais do que efetivamente foi. Ele não foi apenas mais um,de todo. Arrisco-me mesmo a dizer que, quem dera a grande parte dos futebolistas e mesmo alguns conceituados, a terem a qualidade e a capacidade técnica que Recoba tinha.
Os amantes do Desporto Rei da década de 90 e ano 2000, nunca se vão esquercer deste génio. Um ser humano humilde, Craque no relvado e nas consolas, El Chino marcará presença na nossa memória. Não pelos títulos, mas pela qualidade inegável que apresentava...quando lhe apetecia.
#Aindaselembrade
#Recoba
A Bola É De Todos
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