O " Ainda se lembra de..." desta semana, "viaja" até à Alemanha, onde nasceu um homem com uma presença inigualável. Com "cara de poucos amigos", um ar bruto e intimidante, a sua presença por si só impunha respeito fosse a quem fosse. Estimados leitores, hoje, é dia de...Oliver Kahn!
Oliver Rolf Kahn nasceu no dia 15 de Junho de 1969 em Karlsruher.
Desde muito novo que Kahn queria seguir o caminho do pai Rolf e,foi no Karlsruher SC clube da sua terra natal, com apenas 6 anos de idade que iniciou a sua formação.
Inicialmente foi jogador de campo e não guarda-redes, mas estava escrito que o seu destino seria entre os postes.
Oliver Kahn, fez toda a formação no clube do estado de Baden-Württemberg, onde chegou a profissional na época 87/88.
Integrou o plantel sendo suplente de Alexander Famulla e a sua estreia absoluta na Liga alemã, aconteceu no dia 27 de Novembro de 1987.
Só a partir da temporada 90/91, Kahn ganhou definitivamente o lugar pela baliza. A sua qualidade e a sua performance, fizeram com que surgissem vários clubes interessados. Kahn, fez parte de uma equipa que teve sucesso na (antiga) Taça UEFA e isso foi o que faltava para ser contratado por um clube de maior dimensão.
Foram 7 temporadas como profissional e 128 jogos ao serviço do Karlsruher, até integrar a equipa do Bayern de Munique em 1994.
A transferência de Oliver Kahn foi a mais cara de sempre envolvendo um guarda-redes. Foram pouco mais de 2 milhões de euros.
Estava consumada a transferência para o maior clube alemão. O clube perfeito para começar a escrever a sua história, mas de início não correu como se esperava. Uma contusão num joelho, afastou-o por 6 meses da competição. Mas na sua época de estreia ainda conseguiu efetuar 30 jogos pelo Bayern.
O seu primeiro título no colosso alemão foi uma Taça UEFA na época 95/96. Com a companhia de jogadores de grande categoria, como: Matthäus, Klinsmann ou Papin, comandados pelo (na altura) técnico-presidente Beckenbauer, que mais tarde viria assumir em definitivo a presidência. Kahn ia mostrando todos os seus predicados e principalmente ficava bem patente o seu excelente posicionamento, a frieza que tinha e a segurança que transmitia à equipa.
O seu primeiro título de Campeão da Bundesliga surgiu na temporada 96/97.
Em 1999, aconteceu provavelmente um dos momentos que mais marcaram o futebol Europeu. Nenhum amante do futebol consegue esquecer a final da Champions League diante o Manchester United. Digo mesmo que seria inadmissivel deixar cair no esquecimento um momento desses na nossa memória. Foi um final dramático para todos no clube e Kahn e o capitão Stefan Effenberg, não foram exceção.
Oliver Kahn foi considerado o melhor guarda-redes da Europa e o melhor do Mundo pela primeira vez. Tudo graças ao ciclo vitorioso que o Bayern estava atravessar.
Em 2001 voltou a uma final europeia, mas desta vez o final da história foi outro.
Em San Siro, Milão, o Bayern defrontava o Valência, vice-campeão Europeu da época anterior. Com 120 minutos equilibrados e com um empate a uma bola, chegavaba decisão nas grandes penalidades. Ora, o melhor guarda-redes do Mundo, iria fazer a diferença. O guardião alemão defendeu três grandes penalidades garantindo a vitória para o clube bávaro por 5-4.
Mais tarde venceria também o Mundial de clubes frente ao Boca Juniors onde Kahn continuava a mostrar toda a sua qualidade. Era uma figura incontornável do Bayern e depois de mais uma época espetacular a todos os niveis, voltou a vencer o prémio de melhor guarda-redes da Europa, do Mundo e de melhor jogador da Bundesliga.
Oliver Kahn era por esta altura o expoente máximo da qualidade dos guarda-redes. Em termos de clube, não havia um rival interno,à altura que pudesse fazer frente ao Bayern de Munique, mas faltava-lhe algo. Um título pela Alemanha. Com toda a expectativa criada em torno do Mundial da Koreia e do Japão para que fosse possível, Kahn estava concentrado para isso, porém o destino trocou-lhe as voltas. As suas prestações foram espetaculares. Defesas brilhantes que não estão ao alcance de qualquer um e que com isso ajudaram a Alemanha a alcançar a tão desejada final. Estava perto o sonho. O jogo decisivo chegou com o Brasil como adversário. O guardião cometeu um único erro em todo o Campeonato do Mundo e foi penalizado por isso. A canarinha fazia a festa e Kahn crucificava-se .
Na atribuição dos prémios referente a esse mesmo Mundial,quando todos esperavam que Ronaldo Nazário fosse o eleito melhor jogador do Campeonato do Mundo, eis que surge de forma incrivel um nome inesperado...Oliver Kahn! Tornou-se no primeiro guarda-redes da história a receber tal prémio.
Depois de toda a glória, mérito e respeito que alcançou, o "Animal" ( nome pelo qual era tratado no clube e na Seleção alemã) começava a entrar numa fase mais descendente na Seleção, onde acabou por ser preterido começando a destacar-se Jens Lehmann. Começou a sofrer alguns golos inexplicáveis olhando à sua categoria e referência mundial que se tinha tornado, mas continuou a ser feliz no Bayern de Munique. Conseguiu ainda vencer 10 títulos, entre Bundesliga, Taça da Alemanha e Supertaças.
Em 2008 e com 39 anos, decidiu pendurar as luvas. Foram 21 anos como profissional de futebol,14 deles no Bayern. Com 429 jogos na Liga pelo clube bávaro, Kahn terminou a carreira levantando o troféu da Bundesliga.
Durante estes anos, Kahn proporcionou momentos inesquecíveis. Defesas inacreditáveis com "selo" de golo, saidas destemidas e protagonizava momentos que pareciam verdadeiros "milagres".
Uma lenda do Bayern de Munique que marcou uma era no clube alemão e na Seleção da Alemanha.
Na 'Mannschaft' , Kahn teve inicialmente dificuldades em superar Andreas Köpke. Apenas em 1998 conseguiu ser ele o dono da baliza alemã. Foi capitão na Seleção por 49 ocasiões. No total, efetuou 86 jogos pela Alemanha.
No total da sua carreira, Kahn esteve presente em 861 partidas.
Em termos de caracteristicas, Kahn tinha um estilo muito próprio. Com o seu cabelo loiro e com uma presença robusta, o alemão impunha respeito. Era conhecido pela frieza, pelo excelente posiconamento que tinha e pela muita segurança que demonstrava. Para além disso, a agilidade, a rapidez em sair da baliza, sem receios, a garra e virilidade em campo, faziam dele um "muro" quase intransponível.
Até os maiores goleadores tinham receio de enfrentá-lo.
O "Animal" foi provavelmente o melhor guarda-redes de sempre a sair da baliza e a enfrentar no um para um o adversário. Era incrível!
#Curiosidades: Kahn tinha uma personalidade forte e controversa. Teve várias situações envolvendo agressões a adversários, tinha mesmo verdadeiros ataques de fúria. Enumerando alguns: Um golpe de Karaté em Chapuisat, um dedo no nariz a Klose, um agarrar pelo pescoço a Thomas Brdaric e mesmo a um colega de equipa Andreas Herzog. Depois deste ter perdido a bola no meio campo que quase originou um golo ao adversário, Kahn agarrou o colega pelos "clarinhos".
Mas nem tudo foi assim. O guardião alemão teve um gesto digno de registo, contrariando esta postura muitas vezes agressiva. Depois de vencer a final da Champions League em 2001 frente ao Valência, Kahn depois de defender a grande penalidade e em vez de festejar com os colegas, dirigiu-se a Santiago Cañizares, que estava deitado no chão a chorar, a mãe do guarda-redes espanhol tinha falecido no dia anterior à final, Kahn colocou-lhe a mão na cabeça e terá dito:" Cañi, não chore. A sua mãe está orgulhosa por ter um filho que é um lenda".
Após esta atitude, Kahn venceu o prémio Fair Play da UEFA.
Oliver Kahn foi o eleito desta semana, porque foi um nome que marcou uma era nas balizas. Foi uma referência marcante do futebol mundial, é uma lenda viva do Bayern de Munique e um nome que jamais poderá ser esquecido por qualquer amante da modalidade.
Kahn foi capitão e um líder, respeitado por todos e idolatrado por muitos.
Foi quatro vezes melhor guarda-redes da Europa, três vezes melhor do mundo, duas vezes melhor jogador da Bundesliga e recebeu a inédita bola de Ouro, prémio atribuido ao melhor jogador do Mundial de Seleções.
Na Baviera chamam-lhe "King Kahn" e bem que "King" poderia ser o seu nome do meio...
#Rubrica_Ainda_se_lembra_de
A Bola É De Todos
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